sábado, 30 de janeiro de 2010

A semana mais longa



Por que tão disperso? Por que tão calado?
Por que tão sério e abstrato?
Novas perguntas que me faço
Hoje e no auge do meu cansaço

Diga não ao sim e libere todas as palavras que estão presas, amarradas por um sentimento estranho, que precisam ser ditas, sentidas.

Na tela, uma planilha
Na cabeça, uma idéia
Na mente, um pensamento
E na janela, um céu cinzento

Cedo ou tarde esse céu voltará a ficar claro...

Chuva, minha sina. Não tem jeito, é uma por dia mesmo.

O medo sempre nos faz pensar no pior
É quando achamos que tudo pode dar errado
Até que nos digam o contrário

Certas coisas que acontecem, assim, do nada, sem explicação, simplesmente mexem.

Eu só queria saber uma coisa: “o que foi que eu fiz?”
Só isso...
Acho que já me sentiria melhor

A porcelana não se quebrará se alguém tirá-la um instante da estante
Logo poderá voltar ao seu lugar
O que não é justo é permanecer presa
Entrelaçada por valores e crenças que a mantém segura dos acasos da vida

Às vezes precisamos mesmo de um tempo pra pensar
Mas um dia chega a hora de voltar à superfície

O tempo passa muito rápido
E só diante do medo de perder...
De perder as pessoas mais importantes
É que percebemos o quanto são necessárias

E eu não quero perder mais nada nessa vida!

Daniel de Araujo Dutra
29/01/2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

O presente


É tão bom quando se tem a sensação de que tudo está sobre controle... Bom, isso é o que eu ouço das pessoas, porque eu nunca tive essa sensação.

O tempo todo, em toda a minha vida, eu vivi o presente. Sempre remoí o passado, sempre tive boas e más lembranças na mente, mas nunca me preocupei com as conseqüências no futuro. Acho que isso se deve por eu nunca ter me arrependido de nada do que fiz.

Hoje, a única certeza que eu tenho é do que eu quero. Já é um começo.

Ultimamente fico pensando muito à noite antes de dormir, aliás, penso porque não consigo dormir. Olhando para um céu estrelado, eu penso que em meio a tantas coisas, cada vez mais eu me convenço de que estou no caminho certo. A vida me dá esses sinais.

Porém, encontro inúmeras barreiras pelo caminho, algo que à distância parece ser tão simples, mas que vivido torna-se tão confuso. Acabo me convencendo de que a cautela é essencial em alguns momentos. Mudar de estratégia às vezes é necessário, e reconhecer os erros, essencial.

Os dias estão passando tão rápido... Às vezes paro e analiso tudo à minha volta, fico entendendo o valor das oportunidades. Até que ponto devemos insistir até o último suspiro, e até que ponto devemos acreditar que ainda é possível?

Acreditar nos sonhos sempre. Transformá-los em realidade, esse é o objetivo.

Todos os dias é uma busca constante, uma busca por algo vital, por algo que realmente faça sentido, porque até então, eu só tenho me questionado mais do que deveria questionar o que há a minha volta.

Mas mudanças foram feitas, mesmo sem entender nada, apenas pela necessidade de não continuar em um mundo de preocupações. Passei a viver a vida mais leve. A chuva de outrora lavou e levou tudo o que havia de excesso. Só restaram os melhores pensamentos.

Adoro a chuva. Adoro a chuva e a noite. Adoro a chuva, a noite e a madrugada. Adoro tudo até o sol raiar.

Mas em algumas noites, é necessário dormir. E dormindo sonhamos, sonhamos o que é de mais improvável nesse mundo. E somos do tamanho dos nossos sonhos.

À noite escuto a chuva, vejo as estrelas e sinto o vento, o medo se esvai, a tensão se acalma e penso ao relento... penso só... só em uma pessoa.

Penso no que me divide hoje.

Hoje estou entre o só e o junto, um junto que ainda não foi bem explicado. Talvez esse seja o motivo de tantas dúvidas e preocupações.

Deixei de falar tantas coisas... falar, não escrever. Não é nada fácil. Mesmo porque para se ouvir melhor as coisas, é preciso um minuto de silêncio, um minuto reservado, um minuto a sós. Mas cadê esse tempo?

Mas mesmo com tantas mudanças, o coração é a única parte que temos que nunca irá se desviar do seu ideal, então parece que nada mudou, e continuo, continuo esperando esperança esporádica que paira perto do peito.

E imagino, imagino...

Troco poucas e boas por poesia, faço do “nada com nada” a minha lição de casa, pra tentar entender. Enfim... em vão. Se um dia terei as tais respostas? Humm...

Um dia me disseram que o silêncio é o pior. O silêncio é cautela. O silêncio é dor. O silêncio às vezes é amor.

Pois bem, mais um dia que nasce, mais uma chama que se acende, mais um frio que arde... na espinha e na mente. E o pulso pulsa... livre das correntes.

Eu vou alcançar! Não tenho pressa. Aprendi que ter paciência é fundamental pra deixar o tempo acertar as coisas e fazer com que o vento me traga o que talvez já seja meu.

Por enquanto continuo por aqui, vivendo o presente. Pensando, pensando, pensando leve. Eu e o meu violão.

Daniel de Araujo Dutra
23/01/2010

Obs: endereço de postagem: varanda do lado direito nº 16. Via pombo correio.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Até o último dia da minha existência



De vez em quando eu me pergunto:
Por que eu ainda acredito?
Tem outra pergunta que também me faço:
Por que eu ainda me importo?

Talvez se eu largasse tudo
E abortasse qualquer idéia de que poderia dar certo
Amassasse qualquer tipo de plano que passou pela minha cabeça
E queimasse o pouco de paciência que ainda me resta
Talvez se eu deixasse de ser eu mesmo
Ou quem eu goste de ser
Pra ser aquele que pensam que eu sou
Ou aquele que esperam que eu seja
Talvez se eu me desviar de todo o caminho que percorri até agora
E partir de encontro aos outros que seguem juntos
Para ser mais um, entre tantos, igual e sem nenhuma distinção
E cair no esquecimento como alguém que nada marcou
Talvez se eu me conformasse com qualquer situação
Aceitando que tudo, bem ou mal, já faz parte do meu destino
E não fizesse nada pra me tornar um pouco mais feliz
Deixando a vida me levar, apenas

Mas não, eu deixo essas idéias para o “talvez”
Pois nunca vou ser assim
Eu vou cair quantas vezes forem necessárias para aprender
E mesmo que nem pernas eu tenha mais, de pé tentarei ficar
Se cego, meus ouvidos serão meus olhos
Minha força virá das lágrimas
E meu sangue será meu copo d’água antes de dormir
Até o último dia da minha existência
Por isso jamais se esqueça de mim
Vou ser simples o bastante para marcar-lhe para sempre
Eu tenho fome de calor e sede de afeto
E a coragem de quem se atira na frente de uma bala
Tomarei todas as chuvas que o meu dia quiser
Esperarei todas as noites que você não ligar
Dormirei pensativo todas as vezes que não lhe entender
E de manhã acordarei esperançoso novamente

Quem acha que me inspiro em Fernando Pessoa, está enganado
Eu leio tudo sobre Rubem Fonseca
Quem acha que eu só gosto de usar sapatos
Saiba que eu prefiro o meu All Star velho de guerra
E quem acredita que eu realmente sou bonzinho demais
Lembre-se que sou de escorpião
E se um dia achar que eu não percebi algo
Procure meus olhos por debaixo da aba do meu boné
Isso é o essencial para quem só sabe o meu nome
Não me defino
Quem se define se limita
Mas de uma coisa qualquer um pode ter certeza sobre mim:
Eu sempre digo a verdade!
Minhas palavras são as mais sinceras, traduzindo a voz do coração
Um coração que muitas vezes sofre calado
Que o meu sorriso disfarça apoiando-se num olhar profundo
E que hoje só me faz ter a certeza de uma coisa:
“Eu não desistirei jamais de alcançar o que um dia ainda não pude chamar de meu”

Por fim...
Sabe por que eu ainda acredito?
Porque eu me importo
Sabe por que eu ainda me importo?
Porque eu acredito

Daniel de Araujo Dutra
09/01/2010

domingo, 3 de janeiro de 2010

O quarto mágico


O teto do meu quarto tem adesivos em forma de estrelas
Daqueles que brilham quando a luz se apaga
Fazendo-me acreditar que são estrelas de verdade
E que o escuro das paredes também é a imensidão do universo
Quem disse que não posso ter um céu estrelado dentro do meu quarto?
Quem disse que não posso sonhar acordado olhando para essas estrelas?
No meu quarto há sim uma constelação de mentirinha
Mas que ao deitar-me tornam-se reais no silêncio da minha imaginação
Que me leva aos pensamentos mais impossíveis
Dizendo-me que posso chegar aonde bem entender
E que nada tem força maior para impedir-me de ser... eu, apenas eu
Às vezes passo o dia inteiro esperando por esse momento
A hora em que posso admirar a minha própria galáxia
Com estrelas organizadas da forma que eu mais gosto
Mas que todas as noites parecem se mover
Numa dessas noites, enquanto viajava pela minha meditação
Como efeito de magia, vi passar um cometa por entre as estrelas
E ele costurava-as de uma forma tão linda e cintilante
Que parecia não querer apenas passar
Dava a entender que gostaria de permanecer, e fazer parte do meu mundo
Logo percebi que se tratava de um cometa especial
Era exatamente o que faltava para o meu céu ficar completo
Logo permiti que ficasse, um cometa que brilha mais que a Lua
Que vaga pelo céu do meu quarto, indo e vindo, envolvendo cada estrela
Deixando um rasto de harmonia e sutileza
Um cometa que tem o poder de agradar a todos com seu brilho próprio
Que nunca mais vou deixar partir
Porque mesmo que o céu lá fora esteja limpo
O meu estará sempre brilhando


                          Talvez um sonho...
                          Algo sem explicação...
                          Leve delírio...
                          Insônia pesada...
                          Talvez seja mesmo real...
                          Adoro quando isso acontece...

Daniel de Araujo Dutra
02/01/2010