quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Reflexões




Longe do barulho desse tumulto todo
Eu posso enfim respirar
Consigo fechar os olhos por um instante longo
E sentir o simples prazer de relaxar

Me dar esse direito uma vez só ao dia
É o que me faz sentir que tudo está valendo a pena
Saber que apesar das horas árduas e tensas
O meu melhor ainda continua para horas mais extensas

Não há dinheiro que compre o sentimento de paz
Tão pouco a alegria de ser amado
Depositar a confiança na fé e nas pessoas próximas
Faz toda angústia ser coisa do passado

No instante em que desperto e ouço os sons ao redor
Me recordo de quando era criança e da simplicidade da vida
Percebo que tudo é muito mais, é muito além
E que nossa existência é uma passagem, não uma corrida



 - Daniel Dutra

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Maldito gato

Maldito gato!

Tem noites que a gente custa a pegar no sono. São aquelas que a gente fica se revirando na cama, ou não, fica bem quietinho, imóvel, para não atrapalhar um possível sono que pode vir a qualquer momento.
Acontece que, pra quem não está acostumado a não conseguir dormir em, no máximo, 10 minutos após se deitar, parece que algo está errado e torna-se uma tortura permanecer acordado quando sabe que se está muito cansado e necessita de descanso.
Às vezes isso acontece porque estamos preocupados com alguma coisa ou não necessariamente, talvez por estar pensando muito numa coisa ou alguém, sei lá... O caso é que é normal termos algumas noites assim, e é verdade que hora menos hora, a gente consegue dormir.
Tem um gato aqui em casa, mas não é meu, é do meu tio que mora com a gente. É fruto de uma aventura do meu gato com uma das inúmeras gatas da rua. E essa gata apareceu aqui no quintal num belo dia toda buchuda, e fez questão de dar a luz por aqui, mais especificamente em cima da cama do meu tio, e eu até ajudei a cortar o cordão do último a nascer.
Dos cinco que nasceram, hoje restou apenas um aqui em casa, os demais foram embora ou foram expulsos pelo que ficou (o mais bravo de todos). A mãe foi doada logo que acabou de amamenta-los e o meu gato desapareceu depois de pouco mais de um ano.
Enfim, não tenho mais gato para cuidar ou me preocupar com inúmeros ferimentos de brigas noturnas, apesar de nunca me incomodar de cuidar do Luis Manuel. Sim, esse era o nome do meu gato. Mas agora existe outra preocupação: o maldito gato que sobrou.
Ele cresceu e ficou igualzinho ao pai: todo preto, robusto e dorminhoco. Muito bom. Se não fosse pela choradeira noturna...
Hoje em dia faltam fêmeas pela região e sobram machos, e esse desgraçado passa as noites chorando, como se estivesse implorando pra Deus enviar uma fêmea para ele poder namorar um pouco.
Porém, esse choro dura quase a noite toda e, acredite, é alto e bem perto da janela do meu quarto. E não há o que o faça parar. Pode espantar, jogar água, gritar. Ele para na hora, mas daqui a pouco está lá de novo, no mesmo lugar, chorando bem alto no lugar predileto: pertinho da minha janela.
Ah... tem noites que não dormimos ou temos dificuldades para dormir, mas também tem noites que a gente não sabe se não dorme porque não consegue ou porque tem um gato que não deixa.
E o que eu vou fazer? Ele está certo. Está reivindicando o que lhe é de desejo. Uma mísera fêmea para passar algumas horas. Apenas. Eu até endendo, mas isso custa o meu sono. 

Maldito gato!


 - Daniel