sábado, 29 de agosto de 2009

Vontade de você


Quando o sol acorda faz da manhã a sua razão
E quando bate na janela, faz despertar uma emoção
De te encontrar de novo após algumas horas sem te ver
E saciar de novo essa vontade de te ter

Mas o dia é curto e as horas passam, escorrem pelas mãos
Tento te olhar tanto quanto eu respiro e não me diga não
Um trecho da minha vida vai virando a esquina
E o sol que já tem sono some e leva a luz do dia

Tento conter essa vontade de te ser, de te sentir
De ter que olhar pro seu retrato toda noite antes de dormir
Tento respostas em versos de quem já sofreu por amor
Mas nesse trilho sou eu sozinho num caminho a vapor

O que faz de você uma necessidade pra mim?
Dorme em meus braços, esquece o tempo, e me diga sim
Faz de um telhado abrigo, ninho, recanto de paixão
Perde o pudor e assume essa vontade que não é em vão

Segue o destino, os dados, as cartas, e o vento ao léu
Quebre as correntes, o silêncio e renuncie ao fel
Pede pra eu ficar contigo apenas este luar
E se amanhã o sol vier não sentirei vontade de acordar

Daniel de Araujo Dutra
29/08/2009

sábado, 22 de agosto de 2009

Reflexões de um submundo camuflado


Olhar sinistro que às vezes parece cínico
Confissões e omissões de quem acha que ainda tem algo a esconder
Por que as pessoas mentem pra esquecer o passado?
Deve haver algum sinal de arrependimento em meio a tanta desconfiança

É... o tempo passa e as coisas mudam
Impressionante como as pessoas ficam piores ao passar do tempo
Tentam nos enganar e culpam os outros por suas atitudes
Não há mais salvação, o que está feio, está feito!

Mas há o perdão, e é isso que essas pessoas buscam
Um perdão falso, algo que as façam se sentir melhor
Enganam a si próprios e se dizem aliviados
Só que no fundo, o peso na consciência só aumenta

Muitas vezes num lapso acabam desabafando
E ao contar, revelam toda sujeira que os corroem por um longo tempo
Mas ao final, o que prevalece é o silêncio, a própria reflexão
Pronto! A alma está lavada. É hora de partir pra outra

Isso é o que somos. Aprendizes e errantes. E em alguns casos, mentirosos
A imperfeição faz parte da evolução humana e é bonito saber recomeçar
O jogo de aparências a e política da boa vizinhança são disfarces de quem tem medo
Medo de errar, de recomeçar, de arriscar. Medo de viver intensamente cada momento.

Daniel de Araujo Dutra
22/08/2009

sábado, 15 de agosto de 2009

E por acaso o acaso


Então, eis o acaso
Réu, inocente ou intrometido?
Ele está aqui, ali, dentro de você
Esperando uma oportunidade para acontecer

Não existe hora nem lugar
Não existe trégua nem perdão
Para os fracos e para os fortes
Para os ricos e para os pobres

Está entre o certo e o incerto
Causando sempre o imprevisto
Provoca dúvidas e traz a luz
Remete à dor e ao sorriso

Faz-te cometer atos impensados
Capazes de ultrapassar a vontade própria
Consegue lhe fazer rei
Concede-lhe o título de errante

Promete nunca mais voltar
Mas por acaso volta
Diz que talvez fique mais um pouco
E casualmente gosta

Quando se vai? Quem sabe...
Talvez por acaso nem ele mesmo saiba
Venha pra cá, venha pra casa
Venha por acaso

Faça seu papel, ocasione
Mas nunca revele a que veio
Você nos ensina e nos dá a direção
Nunca pede licença, mas sempre estende a mão

Vem de surpresa e mancinho
Causa o desencontro e a paixão
Prova que nada é perfeito
E desafia a razão

Nada é por acaso? Quem falou?
Quem provou? Acaso é acaso
Não é sorte, sempre foi acaso
Nas suas conquistas e fracassos

Nunca é aleatório, sempre selecionado
Dá o que cada um merece
E é assim que fortuitamente
O acaso acontece

Daniel de Araujo Dutra
15/08/2009