sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Entre um Hum... e um Tsã...





















De um ano pra cá
Muita coisa mudou
E o que era tão morno
Num instante esquentou

Pois é, cá estamos
Amarrados pelo amor
Juntos lado a lado
Na alegria e na dor

Vivendo cada capítulo
Conferindo cada página
Relendo se necessário
E secando cada lágrima

Conviver é uma arte
Que se aprende a dois
Assumindo as diferenças
Que se assemelham depois

O jeito, é um charme
A mania, uma marca
O olhar, um respeito
E o sarcasmo, a charada

E em meio ao que eu falo
A atenção é pra cada sílaba
E quando se priva de um comentário
Seu olhar me fulmina

Quando para de me olhar
Demonstra-se pensativa
E após alguns instantes
Ouço sua reação ativa:

Hum...

Vai entender...
Sua expressão muda
Seu olhar desvia
E sua boca fica muda

Mas nada se compara
Ao sentimento dessa mulher
Que mexe com minha cabeça
Até eu cair aos seus pés

Adoro mesmo
Até quando não suporta o que digo
E se mostra indignada
Sem deixar sair um suspiro

Seu corpo se agita todo
Seus pés não param no chão
E sem aguentar seu próprio silêncio
Difere outro jargão:

Tsã...

Ah, mas eu adoro
Adoro provocar essa reação
E mesmo ela não querendo falar mais comigo
Sei que chamei sua atenção

Não sei mais viver sem ela
Me apaixonei pelo seu jeito
E entre um Hum... e um Tsã...
Essa mulher consquista cada vez mais espaço...
...dentro do meu peito

Daniel de Araujo Dutra
24/12/2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Em meio à correria

























A chuva refresca esse dia quente
Onde folhas caem e vagam com o vento
E nesse céu limpo e sem estrelas
Até a hora se esquece do tempo

Nesse instante, sonhos vêm à tona
Os pensamentos voam mais longe que o normal
Imaginamos que no céu há estrelas
E que a chuva é um temporal

É quase véspera de feriado
É quase dia lá fora
É quase sol na janela
E a lua já quase foi embora

E surgiu uma grande ideia
Planos invadem a mente
Vontades pairam no ar
E o dia está mais quente

É...

Os dias são inquietos e calmos
A cada dia um leão, uma luta
Mas é honrosa cada entrega
E a rotina dessa labuta

Daniel de Araujo Dutra
07/10/2010

Foto de Alan Morici (Centro de São Paulo)
Portfólio Fotográfico: http://alanmorici.multiply.com/
Blog: http://jornalismodigital.spaceblog.com.br/

Aproximador


















O despertador acorda
Acorda-me o despertador
Meu sonho se vai sem corda
E me desperta uma dor

É mais um dia nascendo
De sol tímido e encantador
Que ilumina minha vida
E encanta a minha dor

A manhã é clara e silenciosa
Com um olhar desafiador
E a premonição do dia
Desafia a minha dor

Daniel de Araujo Dutra
17/09/2010

Foto de Alan Morici (Mendoza - Argentina)
Portfólio Fotográfico: http://alanmorici.multiply.com/

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Dias alados de cavalos calados

















Porque os dias nascem e morrem todos os dias
Porque vivemos um dia de cada vez
Porque tudo acontece muito depressa
E demora a chegar nossa vez

Porque o tempo não espera
E não podemos perder tempo
E nem o tempo da perda
E o poder da espera

Porque os dias voam
E o filme da vida passa
E diante à realidade
A nossa imaginação cria asas

A selva de concreto nos cobra
Evoluímos por meios próprios
O trajeto é um teste de sobrevivência
E tudo só está começando...

A casa pede atenção
A boca pede comida
O corpo pede descanso
E a mente, calmaria

E a noite é curta
Despercebida
Um fardo
Que antecede todos os dias

A vida de cada dia está nos dias
A noite é lamento
E a rotina consome a alma
De um Pegasus que já perdeu suas asas

Daniel de Araujo Dutra
24/08/2010

sábado, 24 de julho de 2010

Passageiro

















Eis o que não teve explicação
Simplesmente aconteceu
Como se fosse um ciclo natural
Que nasceu e morreu

Ficaram só os momentos
Que foram vividos e assistidos
Que hoje tornou-se passado
Pra amanhã fazer sentido

Se é o agora que importa
Que se esqueça o segundo atrás
Porque o hoje só será ontem
Quando o amanhã o deixar pra trás

Daniel de Araujo Dutra
16/07/2010

*Foto de Yoji Oikawa
@YOJIMAN
http://www.facebook.com/#!/YOJIMAN

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Imensidão

























Havia uma certa calmaria
Onde o silêncio se fez razão
Criando um novo cenário
Pro tempo e a emoção

A janela da alma se abre
E salta de dentro um porque
Trazendo um certo dilema
Entre a dor e o prazer

Uma imensidão preenche a vista
Criando uma só paisagem
Que cega e estufa o peito
Com muito mais ar e coragem

Daniel de Araujo Dutra
15/07/2010

*Foto de Yoji Oikawa
@YOJIMAN
http://www.facebook.com/#!/YOJIMAN

sábado, 10 de julho de 2010

Meu EUniverso



















Você surgiu tão assim...
Parou o tempo
E fez calor em mim

Você ascendeu meu coração
O fez bater mais forte
Fez sentido, e fez razão

Você é parte do que sou
É sol pro meu jardim
É o caminho pra onde vou

Você é linda, linda, linda!...
Você é tudo o que pedi
Pra ser feliz nessa vida

Você é texto, você é verso
Você é mais que poesia
É meu EUniverso

Você é tudo, você é paz
E é por isso que eu te AMO
Cada vez mais e mais

Daniel de Araujo Dutra
10/07/2010

Feito especialmente pra minha namorada Talita.
Amor, te amo!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Junho

























Hey,

Tudo que tínhamos era a essência
Mas o tempo fez sua ação
E juntando todos os cacos
O que sobra é sonho
E uma vontade de recomeçar
Uma certa angústia cresce lá dentro
E o peito parece rachar
O chão se abre e a queda é demorada
Como um poço sem fim
Como se não houvessem mais alternativas


Hey,

Largar tudo é uma opção
Recomeçar do zero parece ser mais fácil
Do que se erguer dos próprios escombros
Como uma fênix que nunca perde a esperança
Mas a luz que sempre é aguardada
Muitas vezes não vem
E esperar que a chuva lave nossos anseios
É mais torturante do que sofrer calado
Vezes sempre nossos dias nunca são perfeitos
E conviver com eles assim tornou-se uma arte


Hey,

A corrida da vida tem seus obstáculos
E só os mais perseverantes os ultrapassam
Aqueles que nunca perdem a fé
E focam naquilo que acreditam
A dor nunca será menor
Talvez seja até maior
Mas é o preço que se paga por ousar
Por querer sempre voar mais alto
E querer ser visto e lembrado
Como alguém que nunca se entregou
E lutou até o fim sempre ao seu lado


Daniel de Araujo Dutra
15/06/2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Caminhos

























Caminhos...
Passo a passo
Em busca de um destino
E de um lar pro meu cansaço

Olho pra trás
E observo toda cena
E me orgulho de dizer
Que até então, tudo valeu a pena

Na luta, encontrei a dor
No tempo, descobri o amor
Na dor, busquei mais forças
E no amor, o beijo de uma certa moça

Não sei onde está o fim
E nem sei se chegarei até lá
Um dia posso ser interrompido
Mas sei que devo continuar

Ah, caminhos...
Pra onde levam um coração tão frágil?
Que sonha e desperta toda manhã
Já sabendo que nada será fácil

Daniel de Araujo Dutra
11/05/2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

Uma manhã para recomeçar

Os dias estão aí
Uns mais claros, outros nublados
Às vezes com chuva
Outrora calados

Não importa a circunstância
Eles nascem e aparecem
Despedem-se da noite
E atendem nossas preces

Eu admiro cada dia
Pois eles nunca se atrasam
E trazem sempre em nossa janela
Um raio de sol e o canto dos pássaros

Às vezes reclamamos deles
Ou os culpamos pelos acontecimentos
Mas eles não se importam
E entendem o nosso momento

A única certeza que eu tenho
É que amanhã será um novo dia
Que me receberá pontualmente
Trazendo paz e alegria

Por isso hoje eu sei
Que posso me perder ou me encontrar
Que em cada dia sempre existirá
Uma manhã para recomeçar

Daniel de Araujo Dutra
20/04/2010

domingo, 4 de abril de 2010

Água da chuva

















Água da chuva rega o jardim com sede
Que sedento se banha e se seca ao vento
Aliviando e liberando vontades e emoções
Que sentia até ontem ao relento

Água que depois escorre pelo chão
E sem destino vai lavando o caminho
Desvia às vezes em pequenas pedras
E sempre para em algum cantinho

Uma poça começa a se formar
Cheia dos sentimentos daquele jardim
Que se misturam com os que a chuva trouxe
Formando um rio que compartilha sonhos sem fim

Daniel de Araujo Dutra
04/04/2010

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dois pontos e fecha parênteses



















Final de tarde
Faz calor
E deitado no sofá
Em meio ao silêncio da sala
Descanso e penso em algumas coisas
Penso em algumas pessoas
Pessoas que fazem parte da minha vida
Vida que se completa com a presença delas
Presença que gera saudade quando se despede
Despedida que poderia não existir
Mas existe

Ah, mas amanhã tem mais...
... a saudade se faz necessária

Tudo o que acontece
Tem um significado
O que pensamos que veio do nada
Na verdade já estava a caminho
E o que pensamos que é conseqüência
Foi criado por nós

Às vezes nada faz sentido
Ou não encontramos o sentido
Às vezes o sentido está bem à frente
E não o enxergamos
Ou não queremos enxergá-lo

Pra que tentar entender certas coisas?
Às vezes é necessário se deixar levar pela música
Fechar os olhos
Respirar bem fundo
E se jogar de braços abertos

É nisso que estou pensando ultimamente
Muitas coisas estão acontecendo
É um sonho que não quero acordar
Não vou buscar explicação pra nada
Vou apenas deixar o vento me levar

: )

Daniel de Araujo Dutra
01/04/2010

domingo, 14 de março de 2010

A coisa certa



Certas coisas, na maioria das vezes
São apenas certas coisas
E outras coisas, podem dar a impressão
De que não são aquilo são

Alguns dias nascem nublados
Mas a coisa certa pode mudar o seu decorrer
A tarde fica menos cinzenta
E a noite nos brinda com inúmeras estrelas

E por um corredor de nuvens claras
Nossa consciência viaja mais leve que o ar
Nos trazendo um alívio imediato
E nos fazendo despertar

É quando nossa mente cria asas
E viaja pelo nosso interior
Trás à tona nossos medos
E escancara o que é o amor

A coisa certa vem do instinto
Daquilo que acreditamos
É uma escolha pessoal
Que reflete tudo aquilo que somos

Não há como prever as conseqüências
Mas a vida sempre nos recompensa
Quando juntamos nossas forças
Pra fazer a coisa certa... e não certas coisas

Daniel de Araujo Dutra
14/03/2010

sábado, 6 de março de 2010

Felicidade


















O que é felicidade?
Bom...
Ainda não encontrei essa definição dentro de mim!
Eu acho que não existe um caminho para a felicidade
A felicidade é o caminho!
Alguns a procuram
Outros a criam...
Mas aquele que nunca viu a tristeza
Nunca reconhecerá a felicidade!
Felicidade não se acha
Se conquista!
Felicidade não é um destino
É um método de vida!
É a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente
E mesmo que a felicidade for pouca
Que seja ao menos intensa!
Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade!
Acredito que não exista um segredo para ser feliz
Felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros
É saber aproveitar todos os momentos como se fossem os últimos
E nós só temos alegrias se as repartirmos
Pois a felicidade nasceu gêmea
Ser feliz é comemorar cada conquista
É despertar a criança dentro de nós
É melhorar 1% a cada dia
É ser uma pessoa melhor para si e para os outros
É ter amigos pra vida inteira
É fazer o bem sem olhar a quem
É saber amar pra ser amado
É saber cair nas tentações...
É correr riscos em busca de objetivos e ideais
É encontrar a pessoa que nos complete
Enfim...
Felicidade é tudo isso e muito mais
É um universo de coisas boas
Que mora dentro de nós

Ser feliz é tudo que eu quero ser pra sempre!

Daniel de Araujo Dutra
06/03/2010

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sonhar























Essa noite eu queria sonhar
Mas eu queira escolher o sonho
Porque sonhar é como estar na escola
Pois é sonhando que buscamos todas as respostas

Queria sonhar com o mar
O mar gigante e solitário
Queria sonhar que estava num barco
Queria eu ser esse barco

E queria poder avistar
Ao longe pra poder me aproximar
Uma visão bela e límpida
E impossível de imaginar

E se nesse mundo eu chegar
Não vou querer largar
E se esse mundo me aceitar
Não vou querer acordar

E se no sonho encontrar a paz
Desistirei de incertezas e dúvidas
Pois já aprendi que quando a gente acha que tem todas as respostas
Vem a vida e muda todas as perguntas

Daniel de Araujo Dutra
04/03/2010

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Anjos


O que um anjo não sabe?
Será que anjos sabem de tudo?
Pode ser... ou não!
Anjos sabem fazer maldade, por exemplo?
Eu tenho certeza que não!
Mas anjos sabem o que é maldade!
Pois bem, anjos sabem de tudo
Mas não podem fazer de tudo
Assim como nesse exemplo
Em outros, os anjos se vêem amarrados
Sabem o que está acontecendo
Mas não podem fazer muita coisa
Às vezes querem muito ajudar uma pessoa
Mas não podem forçá-la a fazer nada
Infelizmente não podem fazer todos os milagres
Os anjos guardam, protegem, zelam...
Eles nos olham enquanto dormimos
Nos trazem os melhores sonhos
Nos dão os melhores conselhos
Se importam e sofrem juntos
São simplesmente nosso par
Mas o que muitos não sabem
É que anjos também sabem amar!

Daniel de Araujo Dutra
28/02/2010

Deixe a chuva cair


Sinto que coragem começa a brotar
De um impulso mais forte que a razão
O mel passou tão próximo da boca
Mas teve pouca duração

Sim, mudanças começam a aparecer
De vagarinho, de acordo com as oportunidades
Claro, ainda há cautela
Mas mesmo assim, prefiro a verdade

Foi repentino
Quase cheguei a duvidar
Mas percebi que ainda vive
A tal vontade de despertar

Então esqueça as dúvidas
Perca a noção
Rasgue as incertezas
E não ache razão

Vai, sai lá na chuva
Deixe-a simplesmente cair
Deixe que lave seus medos
Faça coragem surgir

Faça valer à pena
Faça enquanto está em tempo
Pois esperar outra vez
É perder o momento!

Daniel de Araujo Dutra
28/02/2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A arte de fugir


Na vida nos deparamos com inúmeras situações
Uma mais inusitada que a outra
São momentos bons, outros nem tão empolgantes
E os que chamamos ruins ou difíceis

Normalmente a maioria das pessoas teme todos esses
Tudo porque até o que é bom se torna assustador
Muito mais do que aquilo que é considerado ruim

E o que fazem? Fogem!

A fuga é o meio mais fácil de não enfrentar tais situações
É onde as pessoas voltam para o seu mundinho cômodo e seguro
Protegidos pela mesmice dos dias e o apodrecimento da coragem

Hoje tudo é motivo para uma fuga ou um disfarce

As pessoas fogem de responsabilidades e compromissos
Voltam a própria palavra num arrependimento brusco
Deixam tudo pra depois simplesmente por medo da situação
Mesmo que essa situação vá lhe favorecer

É... essa vida está cada vez mais fugaz mesmo...

Eu concordo que falar é fácil e que “cada um” é “cada um”
E ninguém pode entrar na alma de uma pessoa e entendê-la
Mas o medo de vencer certas barreiras está cada vez maior
Até mesmo nas coisas mais simples

Eu estou falando assim das pessoas
Mas eu mesmo tenho esses momentos de fraqueza às vezes
Onde eu tenho coragem de fazer as coisas mais impossíveis
E ao mesmo tempo não consigo dizer tudo o que preciso à uma pessoa...
...mesmo sabendo que é só falar

Eis a arte de fugir!

Daniel de Araujo Dutra
20/02/2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Milhares de cores


Nossos dias são construídos pelos nossos olhos
Pensamos deles aquilo que neles enxergamos
Ou melhor, da forma como neles os enxergamos
E cada acontecimento é o que o nosso ponto de vista diz que é

Muitas vezes a nossa visão é limitada
E apesar de estarmos convictos daquilo que estamos vendo
Acabamos enganados
Por uma simples miragem

Pois nem tudo que parece é
Tudo é o que de essência é
E só aquilo que é
Sabe realmente o que é

Julgar da forma como vemos é injusto
Mesmo porque há vários ângulos
Há diversas formas de ter uma impressão
E é raro quando acertamos na primeira tentativa

É como achar que um arco-íris só tem sete cores
Sete é o que vemos
É o que os nossos olhos nos fazem acreditar
Mas na sua essência há mais cores

Na vida acontece a mesma coisa
Não enxergamos todas as cores do mundo
E achamos que não existem mais caminhos ou alternativas
Mas se enxergarmos com o coração...

Ah, com o coração...

Perceberemos que depois da tempestade
Surgirá o arco-íris da vida
E que no fim dele, além das sete cores
Existirão inúmeras possibilidades

Daniel de Araujo Dutra
17/02/2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Uns dias, outras noites



O silêncio da madrugada
É um velho companheiro de quem ama
Que num caderno velho faz poemas
Todas as noites antes de ir pra cama

A nuvem que de manhã escondia o sol
Agora tenta esconder as estrelas
Mas parou diante da lua
E percebeu a grandeza de quem ao longe lhe parecia pequena

Os dias nos são cada vez mais surpreendentes
Acreditamos e desacreditamos a todo o momento
Olhamos para um jardim sem poder notar suas cores
E esperamos sempre mais da vida e do tempo

Sabe, há um cachorro uivando lá fora
Não sei se de fome ou de dor
É algo que soa solitário
Como o de alguém que sofre por amor

É algo que já conheço bem
Já partilhei dessa dor nessa vida
É tão familiar que chego até a pensar
Que pode ser a minha alma lá fora... mais uma vez perdida

Daniel de Araujo Dutra
12/02/2010

sábado, 30 de janeiro de 2010

A semana mais longa



Por que tão disperso? Por que tão calado?
Por que tão sério e abstrato?
Novas perguntas que me faço
Hoje e no auge do meu cansaço

Diga não ao sim e libere todas as palavras que estão presas, amarradas por um sentimento estranho, que precisam ser ditas, sentidas.

Na tela, uma planilha
Na cabeça, uma idéia
Na mente, um pensamento
E na janela, um céu cinzento

Cedo ou tarde esse céu voltará a ficar claro...

Chuva, minha sina. Não tem jeito, é uma por dia mesmo.

O medo sempre nos faz pensar no pior
É quando achamos que tudo pode dar errado
Até que nos digam o contrário

Certas coisas que acontecem, assim, do nada, sem explicação, simplesmente mexem.

Eu só queria saber uma coisa: “o que foi que eu fiz?”
Só isso...
Acho que já me sentiria melhor

A porcelana não se quebrará se alguém tirá-la um instante da estante
Logo poderá voltar ao seu lugar
O que não é justo é permanecer presa
Entrelaçada por valores e crenças que a mantém segura dos acasos da vida

Às vezes precisamos mesmo de um tempo pra pensar
Mas um dia chega a hora de voltar à superfície

O tempo passa muito rápido
E só diante do medo de perder...
De perder as pessoas mais importantes
É que percebemos o quanto são necessárias

E eu não quero perder mais nada nessa vida!

Daniel de Araujo Dutra
29/01/2010

sábado, 23 de janeiro de 2010

O presente


É tão bom quando se tem a sensação de que tudo está sobre controle... Bom, isso é o que eu ouço das pessoas, porque eu nunca tive essa sensação.

O tempo todo, em toda a minha vida, eu vivi o presente. Sempre remoí o passado, sempre tive boas e más lembranças na mente, mas nunca me preocupei com as conseqüências no futuro. Acho que isso se deve por eu nunca ter me arrependido de nada do que fiz.

Hoje, a única certeza que eu tenho é do que eu quero. Já é um começo.

Ultimamente fico pensando muito à noite antes de dormir, aliás, penso porque não consigo dormir. Olhando para um céu estrelado, eu penso que em meio a tantas coisas, cada vez mais eu me convenço de que estou no caminho certo. A vida me dá esses sinais.

Porém, encontro inúmeras barreiras pelo caminho, algo que à distância parece ser tão simples, mas que vivido torna-se tão confuso. Acabo me convencendo de que a cautela é essencial em alguns momentos. Mudar de estratégia às vezes é necessário, e reconhecer os erros, essencial.

Os dias estão passando tão rápido... Às vezes paro e analiso tudo à minha volta, fico entendendo o valor das oportunidades. Até que ponto devemos insistir até o último suspiro, e até que ponto devemos acreditar que ainda é possível?

Acreditar nos sonhos sempre. Transformá-los em realidade, esse é o objetivo.

Todos os dias é uma busca constante, uma busca por algo vital, por algo que realmente faça sentido, porque até então, eu só tenho me questionado mais do que deveria questionar o que há a minha volta.

Mas mudanças foram feitas, mesmo sem entender nada, apenas pela necessidade de não continuar em um mundo de preocupações. Passei a viver a vida mais leve. A chuva de outrora lavou e levou tudo o que havia de excesso. Só restaram os melhores pensamentos.

Adoro a chuva. Adoro a chuva e a noite. Adoro a chuva, a noite e a madrugada. Adoro tudo até o sol raiar.

Mas em algumas noites, é necessário dormir. E dormindo sonhamos, sonhamos o que é de mais improvável nesse mundo. E somos do tamanho dos nossos sonhos.

À noite escuto a chuva, vejo as estrelas e sinto o vento, o medo se esvai, a tensão se acalma e penso ao relento... penso só... só em uma pessoa.

Penso no que me divide hoje.

Hoje estou entre o só e o junto, um junto que ainda não foi bem explicado. Talvez esse seja o motivo de tantas dúvidas e preocupações.

Deixei de falar tantas coisas... falar, não escrever. Não é nada fácil. Mesmo porque para se ouvir melhor as coisas, é preciso um minuto de silêncio, um minuto reservado, um minuto a sós. Mas cadê esse tempo?

Mas mesmo com tantas mudanças, o coração é a única parte que temos que nunca irá se desviar do seu ideal, então parece que nada mudou, e continuo, continuo esperando esperança esporádica que paira perto do peito.

E imagino, imagino...

Troco poucas e boas por poesia, faço do “nada com nada” a minha lição de casa, pra tentar entender. Enfim... em vão. Se um dia terei as tais respostas? Humm...

Um dia me disseram que o silêncio é o pior. O silêncio é cautela. O silêncio é dor. O silêncio às vezes é amor.

Pois bem, mais um dia que nasce, mais uma chama que se acende, mais um frio que arde... na espinha e na mente. E o pulso pulsa... livre das correntes.

Eu vou alcançar! Não tenho pressa. Aprendi que ter paciência é fundamental pra deixar o tempo acertar as coisas e fazer com que o vento me traga o que talvez já seja meu.

Por enquanto continuo por aqui, vivendo o presente. Pensando, pensando, pensando leve. Eu e o meu violão.

Daniel de Araujo Dutra
23/01/2010

Obs: endereço de postagem: varanda do lado direito nº 16. Via pombo correio.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Até o último dia da minha existência



De vez em quando eu me pergunto:
Por que eu ainda acredito?
Tem outra pergunta que também me faço:
Por que eu ainda me importo?

Talvez se eu largasse tudo
E abortasse qualquer idéia de que poderia dar certo
Amassasse qualquer tipo de plano que passou pela minha cabeça
E queimasse o pouco de paciência que ainda me resta
Talvez se eu deixasse de ser eu mesmo
Ou quem eu goste de ser
Pra ser aquele que pensam que eu sou
Ou aquele que esperam que eu seja
Talvez se eu me desviar de todo o caminho que percorri até agora
E partir de encontro aos outros que seguem juntos
Para ser mais um, entre tantos, igual e sem nenhuma distinção
E cair no esquecimento como alguém que nada marcou
Talvez se eu me conformasse com qualquer situação
Aceitando que tudo, bem ou mal, já faz parte do meu destino
E não fizesse nada pra me tornar um pouco mais feliz
Deixando a vida me levar, apenas

Mas não, eu deixo essas idéias para o “talvez”
Pois nunca vou ser assim
Eu vou cair quantas vezes forem necessárias para aprender
E mesmo que nem pernas eu tenha mais, de pé tentarei ficar
Se cego, meus ouvidos serão meus olhos
Minha força virá das lágrimas
E meu sangue será meu copo d’água antes de dormir
Até o último dia da minha existência
Por isso jamais se esqueça de mim
Vou ser simples o bastante para marcar-lhe para sempre
Eu tenho fome de calor e sede de afeto
E a coragem de quem se atira na frente de uma bala
Tomarei todas as chuvas que o meu dia quiser
Esperarei todas as noites que você não ligar
Dormirei pensativo todas as vezes que não lhe entender
E de manhã acordarei esperançoso novamente

Quem acha que me inspiro em Fernando Pessoa, está enganado
Eu leio tudo sobre Rubem Fonseca
Quem acha que eu só gosto de usar sapatos
Saiba que eu prefiro o meu All Star velho de guerra
E quem acredita que eu realmente sou bonzinho demais
Lembre-se que sou de escorpião
E se um dia achar que eu não percebi algo
Procure meus olhos por debaixo da aba do meu boné
Isso é o essencial para quem só sabe o meu nome
Não me defino
Quem se define se limita
Mas de uma coisa qualquer um pode ter certeza sobre mim:
Eu sempre digo a verdade!
Minhas palavras são as mais sinceras, traduzindo a voz do coração
Um coração que muitas vezes sofre calado
Que o meu sorriso disfarça apoiando-se num olhar profundo
E que hoje só me faz ter a certeza de uma coisa:
“Eu não desistirei jamais de alcançar o que um dia ainda não pude chamar de meu”

Por fim...
Sabe por que eu ainda acredito?
Porque eu me importo
Sabe por que eu ainda me importo?
Porque eu acredito

Daniel de Araujo Dutra
09/01/2010

domingo, 3 de janeiro de 2010

O quarto mágico


O teto do meu quarto tem adesivos em forma de estrelas
Daqueles que brilham quando a luz se apaga
Fazendo-me acreditar que são estrelas de verdade
E que o escuro das paredes também é a imensidão do universo
Quem disse que não posso ter um céu estrelado dentro do meu quarto?
Quem disse que não posso sonhar acordado olhando para essas estrelas?
No meu quarto há sim uma constelação de mentirinha
Mas que ao deitar-me tornam-se reais no silêncio da minha imaginação
Que me leva aos pensamentos mais impossíveis
Dizendo-me que posso chegar aonde bem entender
E que nada tem força maior para impedir-me de ser... eu, apenas eu
Às vezes passo o dia inteiro esperando por esse momento
A hora em que posso admirar a minha própria galáxia
Com estrelas organizadas da forma que eu mais gosto
Mas que todas as noites parecem se mover
Numa dessas noites, enquanto viajava pela minha meditação
Como efeito de magia, vi passar um cometa por entre as estrelas
E ele costurava-as de uma forma tão linda e cintilante
Que parecia não querer apenas passar
Dava a entender que gostaria de permanecer, e fazer parte do meu mundo
Logo percebi que se tratava de um cometa especial
Era exatamente o que faltava para o meu céu ficar completo
Logo permiti que ficasse, um cometa que brilha mais que a Lua
Que vaga pelo céu do meu quarto, indo e vindo, envolvendo cada estrela
Deixando um rasto de harmonia e sutileza
Um cometa que tem o poder de agradar a todos com seu brilho próprio
Que nunca mais vou deixar partir
Porque mesmo que o céu lá fora esteja limpo
O meu estará sempre brilhando


                          Talvez um sonho...
                          Algo sem explicação...
                          Leve delírio...
                          Insônia pesada...
                          Talvez seja mesmo real...
                          Adoro quando isso acontece...

Daniel de Araujo Dutra
02/01/2010