quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A goteira





















E é a partir de uma simples goteira
Que o silêncio se vai
E os olhos despertam mais confusos que a hora
A língua molha os lábios
Uma leve olhada para o relógio
E a constatação
É... ainda é madrugada!
Sem surpresas
Havia mesmo previsão de chuva
A saída da cama é sem espreguiço
O local é sabido
Um balde por cima da poça
E o som muda de tom
Antes de voltar
Uma água gelada
Já não há estrelas
A noite é fria
É meio de semana
A chuva está parando
De repente...
Uma vontade de sonhar
De sonhar acordado
De sentar em frente à janela
E sonhar diante da chuva
De sentir cada gota sem tocá-las
De lavar a alma a esfregadas
De me sentir limpo e mais leve
Sem o peso do limbo dessa vida
Sem a dor das palavras
Sem o medo da verdade e das escolhas
Sonhar acordado é sonhar lúcido
É sonhar uma vida inteira
E não é preciso que uma chuva venha nos dizer isso
Basta uma simples goteira

Daniel de Araujo Dutra
04/01/2011